Como é ser uma developer relations especialista em linguagem conversacional e inteligência artificial?
Quando eu era adolescente (olha a nostalgia da millenial vindo aí!) adorava trocar a cor do background do meu blogspot.com, mandar SMS grátis pela internet e participar de fóruns (de gosto muito duvidosos, por sinal!) sobre quadrinhos. Ah, e compartilhava tudo no Myspace, onde eu aprendi sobre markdown com o meu primeiro h1 e subtítulo em bold.
Existiam páginas sobre tudo e o melhor: você podia ser quem era. Compartilhar sobre os dilemas da adolescência, tudo movido de acordo com as transformações hormonais típicas do período. Eu amava escrever, personalizar e descobrir coisas novas no universo tão maravilhoso que era a internet naquela época!
Mal sabia eu, que mais de uma década depois, tornaria-me developer relations e o meu dia a dia de trabalho seria composto com atividades que eu passava a tarde toda fazendo: estar presente em comunidades, compartilhar conhecimentos, estudar, entender sobre a tecnologia e, claro: produzir muito conteúdo!
Sobre como cheguei até aqui
A minha jornada foi um tanto diferente das pessoas da área de tech! Aos 17, queria prestar vestibular para ciência da computação, mas confesso que eu não conhecia nenhuma mulher que pretendia seguir os mesmos passos que eu.
A falta de representatividade na área e o medo de estar num ambiente altamente masculino (e tóxico, diga-se de passagem) assustava-me. Logo eu, uma adolescente tímida e que, dentre as coisas que mais gostava de fazer era escrever, acabei optando por Jornalismo. Fiz inúmeros estágios, escrevi sobre diversos assuntos, formei, recebi o canudo, mas algo faltava dentro de mim.
Depois de quatro anos estudando sobre semiótica, ortografia e práticas de uma boa reportagem, decidi de fato estudar sobre tecnologia. Fiz um curso básico de programação front-end: HTML, CSS e Javascript. Por tratar-se de uma linguagem de marcação e ser a porta de entrada para muitas pessoas na tecnologia, tudo fez sentido para mim. Dali em diante, não parei mais.
Cruzei o oceano e decidi especializar-me num mestrado em TI, em Portugal. Cobri inúmeros eventos de tech, desenvolvi vários sites (o Bootstrap foi meu amigo em muitas noites), até gerenciei o projeto Minidev, um app que ensina programação front-end para meninas.
E encontrei developer relations, ou DevRel, para as pessoas íntimas. Uma área em ascensão e que traz muitos frutos como o papel que representa o coração da comunidade.
Afinal, o que é ser uma Developer Relations?
Neste papel somos a voz e ouvido da comunidade nos diferentes espaços que o envolvem, desde eventos referência na área até tópicos de discussão no fórum. Ser DevRel é atuar no meio de campo entre as pessoas desenvolvedoras e a empresa. E, todos os dias, percebo cada vez mais o valor e a importância de uma comunidade técnica.
Não só como aprimoramento do produto em si de acordo com as dores e necessidades das pessoas, mas na construção em conjunto do conhecimento científico e tecnológico.
No meu caso em Take Blip, sobre inteligência artificial e conversational commerce, ou seja, chatbots e contatos inteligentes. Revolucionários nos meios de atendimento ao cliente com foco em conversas personalizadas em diferentes canais.
E o escopo de trabalho?
O dia a dia de uma pessoa DevRel é bem diverso! Criar conteúdos em diversos formatos, participar de eventos, levar as informações acerca das novidades do produto, mas, acima de tudo, estar envolvido com a comunidade. Não só nacional, mas internacional. Além, claro: estudar. Algo imprescindível para os profissionais em tecnologia.
Há diversos papéis dentro de uma área de DevRel: community manager tech, developer evangelist, developer advocate, technical writer e muito mais. Mas isso é papo para outro artigo, não acha? Fica aí o spoiler!
Referências importantes
Já deixo a indicação de dois livros que foram muito importantes na minha jornada até aqui: The Business Value of Developer Relations: How and Why Technical Communities Are Key to Your Success, da Mary Thengvall. E Developer marketing does not exist, do Adam Duvander. infelizmente, ambos ainda sem tradução para o português.
Há inúmeros profissionais de destaque no mercado que atuam em prol da divulgação da área no país: Gabs Ferreira, DevRel na Alvin e Pachi Codes, Developer Advocate no GitHub. Já na gringa, inspiro-me muito na Cassidy Williams, Head of Developer Experience and Education at Remote.
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