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Wivson Machado
Wivson Machado

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…a mudança começou…

Essa é a continuação do texto É hora de mudar… e ela continuará sendo temporal.

Hoje é 20 de fevereiro de 2022, 7 meses e 18 dias após o meu primeiro insight de querer mudar a minha vida, ainda estou com a adrenalina no pico, dois dias atrás eu pedi demissão. 18 de fevereiro de 2022, essa sem dúvida vai ser uma data marcante na minha vida, junto com o dia que conheci a minha esposa que curiosamente também foi em fevereiro.

Mas pra chegar nesse dia eu preciso voltar ao passado, eu preciso fazer as pazes com ele, na verdade eu já fiz mas eu preciso realmente compartilhar algumas coisas que só eu, minha esposa e minha psicologa sabem.

E foram essas coisas que me prenderam durante 12 anos numa profissão na qual eu aprendi amar por necessidade e a qual eu devo muito, pois se hoje sou quem eu sou foi devido a ela, então não há magoas, apenas constatações.

Para contextualizar preciso contar um pouco da minha infância e adolescência.

Eu sempre fui classificado como uma criança inteligente, as vezes até acima da média dos que estavam ao meu redor e eu acredito que tenha sido exatamente essa a minha armadilha, então de ante mão eu peço que não classifiquem as crianças que estão no ambiente de vocês, vocês não fazem ideia sobre a pressão que essa criança ficará, cada uma tem seu tempo e seu jeito de lidar com as coisas e não to falando só de pais e responsáveis, estou falando do circulo intimo no qual essa criança convive.

Essa pressão caiu em mim no ensino médio, mais especificamente no segundo ano, no fim daquele ano eu recebi uma noticia que nunca tinha recebido na vida, eu reprovei em História e tinha ficado em dependência, logo eu que nos anos anteriores gabaritava História, meu pequeno mundo de estudante desabou.

Eu lembro de ter sentido um misto de vergonha, frustração, medo e não contei isso aos meus pais. Como a escola que eu estudava era uma escola técnica, ela nos tratavam como adultos nos delegando responsabilidades e não era necessário os pais assinarem o boletim, isso ajudou a esconder a minha reprovação.

Segui com esse “segredo” para o terceiro ano e ainda com vergonha, medo e frustração não compareci a dependência ao longo daquele ano, o ano era 2005.

Tão logo entrei no estágio do curso técnico e comecei a trabalhar sem ter a certeza que eu havia concluído o ensino médio.

Eu convivi sozinho com essa angustia até fevereiro de 2021, durante uma crise de ansiedade contei para a minha esposa que me encorajou a contar para a minha psicologa e também resolver essa questão, que nessa altura eu já imagina que deveria fazer um supletivo ou algo assim.

Entrei em contato com escola e para minha surpresa meu ensino médio estava concluído e meu diploma esperando ser retirado.

Retirei um peso de 16 anos e algumas toneladas das costas.

Acredito que se vocês leram o texto anterior já devem ter entendido o motivo do meu insight, certo?

Eu escrevi aquele texto dias depois de me matricular numa faculdade de Análise e Desenvolvimento e Sistemas, motivado pelo diploma do ensino médio estar nas minhas mãos.

Meu horizonte se expandiu.

E dessa vez eu estava escolhendo o meu caminho e não apenas seguindo o que a vida estava me proporcionando.

O inicio da faculdade foi complicado, minha esposa passava por uma cirurgia delicada, milhões de medos e inseguranças, eu tinha tudo para desistir ou pelo menos adiar, mas eu já tinha adiado demais e eu fui levando como pude o primeiro semestre, não foi fácil.

Até que no dia 28 de Dezembro de 2021, enquanto eu rolava a tela do LinkedIn, encontrei uma postagem de uma pessoa querendo mentorar um grupo de pessoas iniciantes e em transição de carreira à entrar na área da tecnologia, imediatamente entrei em contato interessado no que ele poderia me auxiliar nessa transição de carreira.

Infelizmente tivemos apenas uma única reunião em Janeiro de 2022, por razões pessoais dele o grupo não pode continuar, porém esse contato serviu para que, num compartilhamento dele no LinkedIn, eu encontra-se a minha oportunidade de mudar.

Uma empresa estava realizando um processo seletivo para um Bootcamp, uma espécie de treinamento, e posterior contratação.

Enviei meu currículo para a empresa, confesso que sem muita esperança pois meu currículo exceto pelo inicio da faculdade, não tinha absolutamente nada a ver com tecnologia.

Recebi como resposta um teste prático para ser entregue em 48 horas, tive um misto de sentimentos nesse momento, mas eu não tinha nada a perder nessa altura do campeonato e entrei de corpo e alma no teste, entreguei.

A empresa demorou 1 semana para me responder e veio em forma de telefonema:

“ — Bom Wivson, estou ligando a respeito do teste que você nos enviou e você passou!!”

Outra data que não irei esquecer 27 de Janeiro de 2022.

E é a partir daqui que a mudança começou, eu precisava tomar uma decisão: Aceitar a proposta da empresa e me arriscar num mundo novo ou continuar no meu antigo mundo onde eu já era velho conhecido e sabia todos os caminhos?

As questões financeiras estavam resolvidas, porque por sorte a proposta da empresa era exatamente o mesmo valor que eu recebia no meu atual emprego.

O xis da questão era outro: E se não der certo? Eu tenho aluguel, boletos e uma família pra cuidar e se eu pedisse demissão de onde eu estava por 7 anos consecutivos e eu não corresponder ao que a empresa espera?

Minha família foi fundamental nessa decisão, conversei com a minha esposa e com meus pais, obviamente eu tenho que ter um plano B caso não dê certo e não consiga pagar o aluguel e o plano B é: provisoriamente ir morar na casa deles.

Plano definidos, aceitei a proposta da empresa e vou me jogar de cabeça no caminho que dessa vez eu estou escolhendo.

Então, dois dias atrás entreguei a minha carta de demissão, expliquei meus motivos e agora estou de frente à um mundo novo pronto para eu desbravar.

Hoje o sentimento é de esperança que dê tudo certo, mas se não der, eu tentei, me arrisquei e com certeza vou tirar um aprendizado disso tudo.

Nos vemos em breve.

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