Introdução
No último artigo vimos como integrar a uma aplicação Express com o banco de dados não relacional MongoDB. Porém detectamos que estávamos expondo mais informações do que queríamos na resposta das operações, ex:
{
"id": 1,
"name": "Kelly",
"telephone": "118888888",
"address": "Rua dos Bobos n 1",
"_id": "607d805caa972341ebd3e568"
}
A exposição do campo _id
não é uma boa pratica pois pode expor detalhes internos que não queremos compartilhar com o mundo externo.
Além disso a API ainda não efetua nenhuma validação sobre os dados que recebe e como queremos manter a consistência dos dados que serão inseridos iremos adicionar ao projeto a biblioteca de validações Joi e o middleware Celebrate para tratamento das respostas da API.
Transformando o modelo
No primeiro artigo criamos a classe Contact mas não chegamos a usá-la, agora iremos revê-la e começaremos a usar o modelo na aplicação.
É muito importante ser definido um domínio para a sua aplicação, um domínio bem estruturado e planejado impede que aplicações que começaram simples cresçam sem controle, agregando mais responsabilidades do que deveriam lidar. Esse é um problema antigo mas com o advento dos microservices ficou explícito o quanto é importante haver um domínio bem estruturado.
Nessa aplicação o domínio é óbvio, contatos, porém nem sempre isso é tão claro e vale a pena investir um bom tempo separando os domínios de uma aplicação e como eles se relacionam e trocam informações uns com os outros.
Olhando para o arquivo na pasta model temos o seguinte:
const Contact = {
id: 0,
name: "",
telephone: "",
address: ""
}
module.exports = Object.create(Contact)
Um ponto importante sobre domínios de aplicação é que eles não devem guardar informações que não sejam referentes ao seu domínio. Parece óbvio essa ideia porém como visto no exemplo acima temos um objeto Contato porém existe nele um campo chamado id
que poderia ser usado por um banco de dados contudo não agrega valor ao domínio Contato , a primeira coisa seria excluí-lo. A segunda coisa que podemos usar para nos ajudar a manipular os dados do nosso domínio é ter uma forma de criarmos o objeto, uma função criadora que receba os dados de um contato e devolva uma instância pronta. Há algumas formas de fazer porém aqui iremos usar um construtor , uma função que toda classe já possui no JavaScript e já é responsável por criar o objeto.
Para podermos usar um construtor é necessário algumas alterações no objeto Contato :
class Contact {
constructor(name, telephone, address){
this.name = name
this.telephone = telephone
this.address = address
}
}
module.exports = Contact
Agora tiramos o campo id
do domínio e alteramos o objeto Contato para que ele seja uma classe, com um construtor e três variáveis que são informadas no momento da criação.
Vamos usar a classe Contato , porém onde seria o lugar mais apropriado para isso?
Podemos delegar para a camada da nossa aplicação que é responsável por executar a lógica, a camada Service. Faz sentido pois nessa camada executamos as regras que são pertinentes e salvamos no banco de dados, então bem que podemos fazer esse tratamento lá.
const Contact = require('../model')
class Service{
constructor(repository){
this.repository = repository
}
create(body){
const contact = new Contact(body.name, body.telephone, body.address)
this.repository.insert(contact)
}
async getById(name){
const contact = await this.repository.selectById(name)
return new Contact(contact.name, contact.telephone, contact.address)
}
async getAll(){
const contactList = await this.repository.selectAll()
const result = contactList.map((contact) => {
return new Contact(contact.name, contact.telephone, contact.address)
})
return result
}
async put(name, body){
const contact = await this.repository.update(name, new Contact(body.name, body.telephone, body.address))
const result = contact.value
return new Contact(result.name, result.telephone, result.address)
}
async patch(name, body){
return this.repository.patch(name, body);
}
remove(name){
this.repository.remove(name)
}
}
module.exports = Service
No código acima para cada ponto que precisamos inserir ou recuperar os dados da aplicação iremos usar a classe Contato para mantermos o padrão de domínio.
Para ficar mais claro iremos fazer as requisições para a API e ver as respostas.
curl --location --request POST 'http://localhost:3000/api' \
--header 'Content-Type: application/json' \
--data-raw '{
"name": "Kelly",
"telephone": "1199999999",
"address": "Rua dos Bobos n 2"
}' | json_pp
E temos como resposta o seguinte:
{
"name": "Kelly",
"telephone": "1199999999",
"address": "Rua dos Bobos n 2"
}
Podemos notar que não existe mais um campo id
, apesar de internamente existir e ser importante para o banco de dados para o nosso domínio e para a nossa resposta ao usuário que fez essa chamada não é.
Adicionando validação
A nossa aplicação ainda não é capaz de validar a entrada de dados. Validar entrada de dados é algo que pode começar simples e logo se torna muito complicado dependendo das regras, para nos ajudar com isso existe uma biblioteca especializada nisso, o JOI , onde conseguimos definir regras a serem seguidas. Validar entrada de dados é algo que pode ser muito complicado e o JOI possui uma vasta documentação para nos ajudar com regras, desde as mais simples até as mais complexas usando Regex.
Em conjunto com o JOI , que faz a validação dos dados que estão entrando na aplicação precisamos devolver uma resposta clara e padronizada ao usuário sobre o erro ocorrido. Para isso usaremos o middleware Celebrate que integra muito bem ao JOI.
Precisamos adicionar somente o Celebrate ao projeto, pois o JOI é usado internamente pelo Celebrate :
npm install --save celebrate
E vamos começar criando a parte da nossa aplicação que será responsável por fazer as validações, vamos criar um pasta chamada validation e nela criamos o arquivo index.js
:
const { Joi } = require('celebrate')
const bodySchema = Joi.object().keys({
name: Joi.string().min(3).required(),
telephone: Joi.string().required(),
address: Joi.string().required()
})
const pathSchema = { name: Joi.string().min(3).required() }
module.exports = {
bodySchema,
pathSchema
}
Definimos as seguintes validações:
- Quando for passado um body são obrigatórios todos os campos e o campo
name
deve ter pelo menos 3 caracteres. - Quando for passado um pathParam de nome
name
, ele é obrigatório e deve ter pelo menos 3 caracteres.
Agora precisamos adicionar essas validações nas rotas, mas antes disso para que o Celebrate possa lidar com as mensagens de erro é necessário adicioná-lo como middleware para o Express :
const express = require('express')
const app = express()
const bodyParser = require('body-parser')
const router = require('./router')
//Declaração do middleware de erros do Celebrate
const { errors } = require('celebrate')
app.use(bodyParser.json())
app.use(bodyParser.urlencoded({ extended: true }))
app.use((req, resp, next) => {
resp.set('Access-Control-Allow-Origin', '*')
next()
})
app.use('/api', router)
//Inclusão do middleware
app.use(errors())
const server = app.listen(3000, () => console.log('A API está funcionando!'))
module.exports = server
E após podemos adicionar as validações nas rotas:
const { celebrate, Segments } = require('celebrate')
const validation = require('../validation')
router.post('/', celebrate({[Segments.BODY]: validation.bodySchema }), async (req, res) => {
const contact = req.body
service.create(contact)
res.status(201).json(contact)
})
router.get('/:name', celebrate({[Segments.PARAMS]: validation.pathSchema }), async (req, res) => {
const id = req.name_from_param
const result = await service.getById(id)
if(result !== undefined){
res.status(200).json(result)
return
}
res.sendStatus(204)
})
As funções de rotas do Express podem receber um argumento que é um handler e no nosso caso será o Celebrate juntamente com a validação do JOI.
Na função celebrate é passado um objeto onde a chave é o segmento, Segments , que deve ser validado, no nosso exemplo validamos tanto o body com o Segments.BODY e o pathParam com o Segments.PARAMS ; e o valor é a validação que deve ser aplicada.
Com isso podemos testar a API, primeiramente com POST :
curl --location --request POST 'http://localhost:3000/api' \
--header 'Content-Type: application/json' \
--data-raw '{
"name": "Kelly",
"address": "Rua dos Bobos n 2"
}' | json_pp
E teremos a seguinte validação:
{
"statusCode": 400,
"error": "Bad Request",
"message": "celebrate request validation failed",
"validation": {
"body": {
"source": "body",
"keys": [
"telephone"
],
"message": "\"telephone\" is required"
}
}
}
E agora com um GET :
curl --location --request GET 'http://localhost:3000/api/k'
E como resposta teremos:
{
"statusCode": 400,
"error": "Bad Request",
"message": "celebrate request validation failed",
"validation": {
"params": {
"source": "params",
"keys": [
"name"
],
"message": "\"name\" length must be at least 3 characters long"
}
}
}
Conclusão
Nesse artigo foi apresentado como podemos deixar a nossa aplicação um pouco mais coerente através de uma especificação de domínio e inserir validações que nos ajudam a proteger a aplicação de inserção de dados errados ou consultas desnecessárias.
Código do projeto
O código desse artigo está no GitHub.
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