A sua empresa provavelmente já possui pessoas neurodiversas, o que falta é um ambiente inclusivo para que essas pessoas possam trabalhar da forma que mais as beneficia.
O que são pessoas neurodiversas?
A denominação foi criada inicialmente para se referir a pessoas que estavam dentro do espectro autista, mas depois foi expandida para englobar outras condições associadas ao neurodesenvolvimento como TDAH, dislexia, discalculia, síndrome de Tourette e condições de saúde mental como transtorno obsessivo-compulsivo e borderline, entre outros.
Qual a importância de ter pessoas assim na equipe?
A diferença de visões de mundo e formas de pensar sempre vai ser positiva para as empresas (embora muitas não percebam isso ainda). Nós somos condicionados a pensar que essas pessoas seriam piores em suas funções, ou seriam profissionais ruins, mas essa é uma visão enviesada e eu espero que ao fim desse artigo você se sinta de forma diferente. Pessoas com TDAH podem ser extremamente criativas e empregar uma visão mais abrangente aos projetos que participam. Pessoas dentro do espectro autista podem demonstrar uma grande atenção a detalhes e ética de trabalho. Todas as pessoas têm contribuições importantes a darem, desde que as barreiras que as impedem de "sentar à mesa" sejam reduzidas ou eliminadas.
De que forma a sua empresa pode reduzir essas barreiras?
Bom, o principal é entender quais são as necessidades da pessoa, porque mesmo pessoas que tenham a mesma condição podem ter necessidades bem distintas. Algumas pessoas (como eu) não funcionam muito bem com horários de trabalhos rígidos, e precisam de rotinas mais flexíveis. Algumas precisam que a comunicação seja feita de forma clara, sem ambiguidades. Algumas precisam que os colegas entendam que não é porque ela está mexendo em alguma coisa ou desenhando que ela não está prestando atenção ao que está sendo dito. Existem casos mais graves, com mais necessidades, mas no geral o time todo cresce em integração e respeito uns pelos outros ao fazer ajustes visando inclusão.
Outras iniciativas poderiam incluir disponibilização de fones anti ruído, bolinhas antiestresse, 1:1 mais frequentes com uma liderança caso a empresa não os faça e/ou algum sistema de "não perturbe".
Alguns erros para não cometer:
- Não incluir as pessoas em decisões que dizem respeito a elas. Se uma pessoa neurodiversa entra no seu time e decisões de adaptações são tomadas por ela sem uma conversa sobre a opinião dela, já começou errado.
- Encará-las como pessoas frágeis. Esse é autoexplicativo.
- Desconsiderar suas diferenças individuais. As pessoas neudivergentes não são as suas condições, elas possuem gostos, desejos e interesses que indiferem da condição que carregam.
Por fim, alguns passos práticos para serem adotados logo ao fim desse artigo
- Pergunte às pessoas como elas trabalham melhor, ou se a maneira como o trabalho está estruturado está confortável para elas. A partir disso você pode tanto entendê-las melhor quanto saber que adaptações precisam ser feitas.
- Se comunique de maneira clara, ambiguidade pode perpetuar uma série de desentendimentos.
- Treinar os seus músculos da inclusão. Como? Isso é algo que eu gostaria que todas as pessoas contribuíssem nos comentários de acordo com as suas vivências. Eu não tenho respostas prontas e além disso gostaria muito de aprender com outras realidades.
No fim das contas, a mensagem principal é de que respeito é fundamental, e não só com pessoas neurodiversas. Tratar todo mundo com respeito é algo que pode trazer muito mais conforto e confiança para as pessoas com as quais você convive e pode fazer uma diferença gigantesca na vida de alguém.
Top comments (3)
Ótimo artigo! Indispensável, principalmente para quem ocupa posições de liderança.
Muito bom Fabrícia, parabéns pelo tópico e conteúdo! 👏
Parabéns pelo artigo. Foi bem escrito e abordou o tema de forma clara e coesa!