O dia começou com uma familiaridade confortável, como se nada tivesse mudado. Depois de um período de descanso, o retorno ao trabalho deveria ser como revisitar um lugar conhecido, onde cada detalhe já é bem-vindo aos olhos. Mas a vida, com sua capacidade de surpreender até nas rotinas mais previsíveis, tinha outros planos.
Não era o primeiro a passar por isso, e certamente não seria o último. Vi, pouco depois, um post de um pai que, assim como eu, havia retornado de um tempo precioso fora do trabalho, apenas para ser recebido por uma carta de despedida. A surpresa é comum, mas a dor é única para cada um de nós.
Por muito tempo, pensei sobre o que poderia ter feito de diferente. Como poderia ter me preparado melhor para esse momento que, no fundo, todos sabemos que pode chegar? A verdade é que, por mais que planejemos, certas vulnerabilidades são inevitáveis. Elas vêm quando menos esperamos, deixando-nos expostos, mas também abertos a novas percepções.
Talvez pudesse ter economizado mais, preparado um plano B mais robusto, ou mantido uma rede de contatos ativa o suficiente para absorver o impacto da queda. Mas, no fundo, a questão que fica não é sobre o que poderia ter feito, mas sobre como poderia ter lidado com o que aconteceu.
Aceitar o fluxo das coisas, reconhecer que o inesperado faz parte da jornada, e que, em cada reviravolta, há um aprendizado oculto, são lições que demoramos a assimilar. Poderia ter sofrido menos? Talvez. Mas também aprendi a respeitar o sofrimento como parte do crescimento, como aquele amigo que nos obriga a levantar e seguir em frente, mesmo quando tudo o que queremos é ficar parados.
Agora, ao olhar para trás, percebo que a chave para enfrentar essas situações de vulnerabilidade não está apenas na preparação prática, mas na capacidade de acolher a impermanência da vida com dignidade e resiliência. Porque, no final, o que define nossa jornada não é a queda, mas a forma como escolhemos nos levantar.
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