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Pedro Pietroluongo
Pedro Pietroluongo

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Relação Princípios S.O.L.I.D. e a Arquitetura Hexagonal

Os Princípios SOLID

Os princípios SOLID são um conjunto de cinco princípios de design de software que visam a criar sistemas mais flexíveis, sustentáveis e de fácil manutenção. A arquitetura hexagonal se alinha bem com os princípios SOLID, pois promove a separação de responsabilidades, a abstração e a desacoplagem entre os componentes do sistema. Vamos analisar como a arquitetura hexagonal se relaciona com cada um dos princípios SOLID:

  1. Princípio da Responsabilidade Única (SRP - Single Responsibility Principle): Este princípio afirma que uma classe deve ter apenas uma razão para mudar, ou seja, deve ter apenas uma responsabilidade. A arquitetura hexagonal segue esse princípio ao dividir a aplicação em camadas distintas, onde cada camada possui uma única responsabilidade: domínio (lógica de negócios), ports (interfaces entre o domínio e os adapters) e adapters (comunicação com componentes externos).

  2. Princípio Aberto/Fechado (OCP - Open/Closed Principle): Este princípio estabelece que as entidades de software devem ser abertas para extensão, mas fechadas para modificação. Na arquitetura hexagonal, isso é alcançado através do uso de ports e adapters. Os ports atuam como contratos estáveis que definem como a aplicação interage com componentes externos, enquanto os adapters podem ser facilmente estendidos ou substituídos sem afetar o domínio ou outros componentes do sistema.

  3. Princípio da Substituição de Liskov (LSP - Liskov Substitution Principle): Este princípio afirma que objetos de uma classe derivada devem ser capazes de substituir objetos da classe base sem afetar a corretude do programa. A arquitetura hexagonal promove a substituição de Liskov ao utilizar interfaces (ports) para definir contratos entre o domínio e os adapters. Como os adapters implementam essas interfaces, é possível substituir um adapter por outro sem alterar a lógica de negócios ou violar as expectativas do domínio.

  4. Princípio da Segregação de Interfaces (ISP - Interface Segregation Principle): Este princípio sugere que é melhor ter várias interfaces específicas em vez de uma interface geral. A arquitetura hexagonal segue esse princípio ao definir ports específicos para diferentes aspectos da comunicação entre o domínio e os adapters. Isso permite que os adapters implementem apenas as interfaces necessárias para suas responsabilidades, sem serem forçados a implementar métodos não relacionados.

  5. Princípio da Inversão de Dependências (DIP - Dependency Inversion Principle): Este princípio afirma que módulos de alto nível não devem depender de módulos de baixo nível, ambos devem depender de abstrações. Além disso, as abstrações não devem depender de detalhes, os detalhes devem depender das abstrações. A arquitetura hexagonal aplica esse princípio ao utilizar ports como abstrações entre o domínio e os adapters. O domínio depende apenas das interfaces (ports), enquanto os adapters implementam essas interfaces e dependem delas. Isso resulta em uma inversão de dependências, onde a lógica de negócios (domínio) não depende diretamente dos detalhes de implementação dos componentes externos (adapters).

Em resumo, a arquitetura hexagonal está alinhada com os princípios SOLID de design de software, promovendo a criação de sistemas modulares, flexíveis e de fácil manutenção. A separação de responsabilidades entre domínio, ports e adapters facilita o cumprimento desses princípios, permitindo que os desenvolvedores criem aplicações que podem ser facilmente estendidas, adaptadas e evoluídas ao longo do tempo. Ao aplicar tanto a arquitetura hexagonal quanto os princípios SOLID, os desenvolvedores podem criar sistemas mais robustos, resilientes e sustentáveis.

A Arquitetura Hexagonal

A arquitetura hexagonal, também conhecida como Ports and Adapters, é um padrão arquitetônico que visa separar a lógica de negócios de uma aplicação das preocupações técnicas e externas. Essa separação permite que a lógica de negócios seja desenvolvida, testada e evoluída independentemente de detalhes de implementação, como interfaces de usuário, bancos de dados ou comunicações de rede. A arquitetura hexagonal foi proposta por Alistair Cockburn e se baseia nos seguintes componentes principais:

  1. Domínio: É o núcleo da aplicação, onde a lógica de negócios e as regras do domínio são implementadas. O domínio é independente das camadas externas e não deve ser afetado por mudanças em componentes externos, como bancos de dados ou APIs. O foco principal do domínio é resolver os problemas do negócio e garantir que as regras do domínio sejam aplicadas corretamente.

  2. Ports: Os ports atuam como pontos de conexão entre o domínio e os adapters. Eles definem as interfaces (contratos) que o domínio espera que os adapters implementem. Há dois tipos de ports: os "driven ports", que são interfaces que o domínio expõe para os adapters primários, e os "driving ports", que são interfaces que o domínio espera que os adapters secundários implementem.

  3. Adapters: Os adapters são responsáveis por converter as requisições e respostas entre o domínio e os componentes externos. Eles implementam os ports definidos pelo domínio e podem ser substituídos ou modificados sem afetar a lógica de negócios. Há dois tipos de adapters: os "primários", que interagem com os componentes externos que enviam requisições para a aplicação (por exemplo, interfaces de usuário ou APIs), e os "secundários", que interagem com componentes externos para realizar ações como persistência de dados, comunicação com outras APIs ou envio de notificações.

A arquitetura hexagonal promove a separação de responsabilidades e a desacoplagem entre os componentes do sistema, seguindo um fluxo de comunicação bidirecional entre os adapters e o domínio. No fluxo de entrada (driven), as requisições dos componentes externos são recebidas pelos adapters primários, que as convertem para o formato esperado pelos ports e as encaminham para o domínio. No fluxo de saída (driving), o domínio interage com os adapters secundários através dos ports para realizar operações externas, como persistência de dados ou comunicação com outros serviços.

A arquitetura hexagonal tem várias vantagens, como:

  • Facilita a manutenção e a evolução do código, pois a lógica de negócios está desacoplada das preocupações técnicas e externas.

  • Permite que diferentes adapters sejam desenvolvidos e testados independentemente da lógica de negócios.

  • Facilita a implementação de testes automatizados, pois o domínio pode ser testado isoladamente, sem a necessidade de interagir com componentes externos.

Em resumo, a arquitetura hexagonal é uma abordagem arquitetônica eficaz para criar sistemas modulares e escaláveis, separando a lógica de negócios das preocupações técnicas e externas. Ao aplicar essa arquitetura, os desenvolvedores podem criar aplicações que são mais fáceis de manter, testar e evoluir, garantindo a flexibilidade e a resiliência necessárias para se adaptar às mudanças nos requisitos e nas tecnologias.

Referências:

  1. Cockburn, Alistair. "Hexagonal architecture". Alistair Cockburn Consulting. Disponível em: https://alistair.cockburn.us/hexagonal-architecture/.
  2. Palermo, Jeffrey. "The Ports and Adapters Pattern". Jeffrey Palermo. Disponível em: https://jeffreypalermo.com/2008/11/the-ports-and-adapters-pattern/.

A arquitetura hexagonal é uma excelente opção para desenvolvedores que buscam criar sistemas robustos e sustentáveis, seguindo princípios de design sólidos e promovendo a separação de responsabilidades. Com um melhor entendimento das relações entre domínio, ports e adapters, bem como a importância do desacoplamento e da abstração na arquitetura, é possível criar soluções que se adaptem às demandas do mercado e às mudanças tecnológicas com mais facilidade e eficiência.

Ao aplicar a arquitetura hexagonal em conjunto com os princípios SOLID de design de software, os desenvolvedores podem criar sistemas mais robustos, resilientes e sustentáveis. Esses princípios, propostos por Robert C. Martin (também conhecido como Uncle Bob), fornecem uma base sólida para o desenvolvimento de aplicações que são fáceis de manter, estender e evoluir ao longo do tempo. As referências a seguir fornecem informações adicionais sobre os princípios SOLID e sua aplicação no design de software:

  1. Martin, Robert C. "Agile Software Development, Principles, Patterns, and Practices". Prentice Hall, 2002. ISBN 0-13-597444-5.
  2. Martin, Robert C. "Clean Architecture: A Craftsman's Guide to Software Structure and Design". Prentice Hall, 2017. ISBN 978-0-13-449416-6.
  3. Martin, Robert C. "The Principles of OOD". Uncle Bob's Blog. Disponível em: http://butunclebob.com/ArticleS.UncleBob.PrinciplesOfOod.
  4. Fowler, Martin. "SOLID Design Principles". Martin Fowler. Disponível em: https://martinfowler.com/bliki/SolidPrinciples.html.
  5. Khorikov, Vladimir. "Applying SOLID Principles in .NET/C#". Pluralsight. Disponível em: https://www.pluralsight.com/courses/csharp-applying-solid-principles.

Ao combinar a arquitetura hexagonal e os princípios SOLID, os desenvolvedores podem criar sistemas modulares, flexíveis e de fácil manutenção, capazes de se adaptar às mudanças nos requisitos e nas tecnologias. Essa abordagem integrada permite que os desenvolvedores se concentrem nas funcionalidades principais da aplicação e na lógica de negócios, enquanto as preocupações técnicas e externas são gerenciadas por meio de uma arquitetura desacoplada e adaptável.

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