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Caio Borghi
Caio Borghi

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O Futuro do Trabalho: Explorando a Cultura Async First.

Já está provado que o trabalho 100% remoto aumenta a qualidade de vida dos trabalhadores.

Seja pela economia do não-deslocamento, a maior proximidade com a família, maior customização do espaço ou simplesmente pelo maior conforto de, assim como Cid Moreira, poder trabalhar de bermuda.

Porém, junto com a popularização do trabalho remoto, veio o aumento das reuniões.

Reuniões diárias, semanais, de planejamento, estimativas, revisões, debates, atualizações, team building, 1-1, all hands e de mais muitos outros tipos.

Reuniões que, a meu ver, tentam replicar o modelo de trabalho existente há décadas no escritório, só que dessa vez, no mundo digital.

Nesse post, pretendo explicar um pouco sobre a cultura Async First, que quebra um pouco o paradigma clássico do modelo de trabalho e propõe uma abordagem mais moderna que, além de fazer muito mais sentido para o mundo digital, estimula a independência do trabalhador e fornece mais liberdade/flexibilidade para o seu dia a dia.

O que é Async First?

Async First, ou "assíncrono em primeiro lugar", é uma abordagem que prioriza a comunicação assíncrona ao invés de interações em tempo real.

Mas o que é comunicação assíncrona?

Vou começar com exemplos:

Comunicação síncrona

  • Conversa cara-a-cara
  • Vídeo-chamadas
  • Chamadas telefônicas
  • Bate-papo/Chat de mensagens instantâneas

Comunicação assíncrona

  • Emails
  • Gravações de tela
  • Vídeos explicativos
  • Mensagens de áudio gravadas
  • Comentários em documentos compartilhados (como Google Docs ou Microsoft Word online).
  • Postagens em fóruns ou painéis de discussão.
  • Tarefas ou comentários em sistemas de gerenciamento de projetos (como Trello, Asana, etc.).
  • SMS ou mensagens de texto (quando não há expectativa de resposta imediata).

Isso significa que, ao invés de todos estarem online ao mesmo tempo para uma reunião ou discussão, as informações são compartilhadas de uma forma que permite às pessoas acessá-las e respondê-las em seu próprio tempo.

Com essa abordagem, não existe a necessidade de duas pessoas estarem online no mesmo tempo. Com ela, seria possível realizar o seu trabalho às 08 da manhã, às 02 da tarde ou em qualquer outro horário que você preferir.

Quando o assunto é desenvolvimento de software, a grande maioria das tarefas poderia ser feita de maneira assíncrona.

Será que isso funciona? Bem, essa é a lista de empresas que adotaram a cultura Async First:

Benefícios do Async First

  1. Maior Flexibilidade: Cada membro da equipe tem a liberdade de organizar sua agenda e decidir quando será mais produtivo, em vez de estar preso a um horário fixo de reuniões ou interações.
  2. Foco Profundo: Sem a necessidade constante de interrupções para reuniões em tempo real, os trabalhadores podem mergulhar profundamente em suas tarefas e aumentar sua produtividade.
  3. Inclusividade Global: Equipes distribuídas ao redor do mundo não precisam se preocupar com fusos horários conflitantes, tornando mais fácil e incentivando as contratações globais.
  4. Redução da Fatiga Digital: Reuniões são cansativas, menos reuniões = menos cansaço.
  5. Documentação Eficiente: A comunicação assíncrona muitas vezes é documentada, o que é muito útil, pois todos podem revisitar informações sempre que necessário. Atualmente, se ninguém anota nada durante uma reunião, a equipe depende 100% da memória humana para guardar informações.

Como garantir uma cultura eficiente

É importante utilizar boas ferramentas de documentação, manter uma wiki atualizada e organizada para facilitar o acesso de toda informação relevante à cultura da empresa e projetos.

Além disso, é crucial estabelecer um equilíbrio, pois algumas discussões e decisões podem se beneficiar de interações em tempo real.

Async First, ou "Comunicação assíncrona por padrão" é diferente de Sync Never ou "Nunca ter reunião".

Uma equipe ainda pode fazer reuniões, mas incentivando a comunicação assíncrona primeiro, a frequência, duração e necessidade de reuniões diminuirão ao ponto de não serem mais um incômodo.

Em resumo, enquanto o trabalho remoto se tornou um novo padrão para muitas empresas, a abordagem Async First traz uma poderosa evolução!

Propõe um caminho que valoriza a autonomia do trabalhador e reconhece o potencial do mundo digital e globalizado.

O mundo mudou muito nos últimos 30 anos, mas os modelos de trabalho não acompanharam.

Eu sou à favor da cultura Async First, espero que se torne cada vez mais popular.

E você, o que acha? Fique à vontade para deixar sua opinião, ponto de vista ou crítica nos comentários, acredito que promover esse debate é crucial para repensarmos os modelos de trabalho atuais.

Valeu!

Top comments (6)

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Robson Grangeiro • Edited

Muito bom seu artigo, obrigado por compartilhar. Com objetivo de criar um diálogo, vou colocar minhas observações, espero que contribua para esse movimento.
Assim como são colocadas no trabalho remoto as práticas do trabalho presencial, muitas empresas desejam aplicar uma forma de controle muito comum, apesar de falho na sua concepção, o micro gerenciamento. Quando digo muitas empresas me refiro principalmente as big techs que estão solicitando o retorno ao escritório, obedecendo aos seus comitês de investidores e usando a falta de criatividade gerada pelo trabalho remoto.
Outro ponto, são poucas as empresas que adotam o lema de "o que é melhor para meus funcionários será melhor para a empresa". Então, antes de buscarmos demonstrar que o trabalho remoto e o modelo async first são bons para os colaboradores, deveríamos aplicar métodos que demonstrem os benefícios aos gestores, tomadores de decisão, acionistas. Creio ser este o melhor caminho para uma dinâmica de ganha-ganha para ambos.
Novamente, agradeço pelo tema.

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ocodista profile image
Caio Borghi

Valeu Robson, muito obrigado pelo comentário!

Vamos lá, concordo 100% que grande parte das empresas gostam do microgerenciamento e controle, mas discordo com você sobre quando você sugere mostrar às empresas os benefícios do async first como estratégia inicial. Vou explicar o porquê:

Durante a pandemia, muitas pesquisas foram feitas para medir a produtividade dos funcionários que trabalhavam remoto. Para grande surpresa de todos, ao trabalhar de casa, a produtividade aumentou.

Acredito que o motivo para o retorno aos escritórios não seja de produtividade ou falta de controle, embora não possa afirmar com certeza o exato motivo, sei que, como funcionários, não estamos em posição de negociar.

Por isso, acredito que, infelizmente, tentar mostrar os benefícios de uma cultura async first e esperar que as empresas adotem-na de bom grado é ineficiente.

Acredito que uma alternativa mais eficiente é espalhar a palavra do trabalho remoto e cultura async first para os trabalhadores e deixar evidente, dar mais visibilidade às empresas que optam por esses modelos de trabalho.

Atualmente, tenho feito um pouco disso através do projeto trampardecasa.com.br, onde semanalmente divulgo apenas vagas que sejam 100% remotas.

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Robson Grangeiro • Edited

Não conhecia o trampardecasa.com.br, muito legal essa abordagem. Espero, para o bem de todos, que essa seja a semente de muitas histórias de sucesso.

Quando você diz "muitas pesquisas foram feitas...trabalhar de casa, a produtividade aumentou."
Consegue apontar alguma fonte?

Pergunto isso pois, hoje saiu uma notícia sobre o CEO da Amazon dar o que parece ser um último aviso aos funcionários que se recusarem a trabalhar em regime híbrido. Ele também não cita fontes mas indica que segundo informações internas "o trabalho presencial durante a pandemia foi mais efetivo". businessinsider.com/amazon-andy-ja...

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ocodista profile image
Caio Borghi
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robsongrangeiro profile image
Robson Grangeiro

Obrigado pelo retorno.

Li as matérias que você passou. São muito interessantes, mas veja, são apenas matérias jornalísticas e não deveríamos adota-las como estudos ou base para construímos certas afirmações. Por que eu estaria tão interessado? Pois, eu trabalho remotamente desde 2020, antes da pandemia e em formato híbrido há quase 20 anos. Lido com equipes remotas há mais de 10 anos. Porém, apenas agora alguns dos grandes líderes de tecnologia estão se posicionando contra. Hoje, li essa notícia - veja, notícia, businessinsider.com/remote-work-wf... e o resumo é que não há consenso. Mas, é algo que questiono há anos, se há mesmo um melhor modelo de trabalho visto que não é apenas uma simples questão de métodos ou forçar equipes a fazerem algo bem quando não se sentem bem.

Bem, só voltei aqui para agradecer o retorno e compartilhar o caso.
Forte abraço!

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Hewerton Soares

Ótimo artigo, não podemos deixar o remoto morrer!