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Monique Altero
Monique Altero

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Do desenvolvimento à liderança - O que mudou?

Há pouco mais de três meses eu fui promovida à líder técnica na empresa que eu trabalho e apesar de um novo cargo minha rotina não mudou completamente da água pro vinho visto que eu já acompanhava meu antigo líder, fazia code review com afinco e ajudava os outros membros da equipe a resolverem impedimentos. Contudo, nessa transição que ainda estou vivendo existem muitos pontos a serem trabalhados e refletidos, afinal o que mudou?

A falsa sensação da perda de produtividade

Usamos uma expressão aqui em casa que chamamos carinhosamente de “matar o backlog”, que literalmente significa desenvolver as tarefas propostas em um curto intervalo de tempo, com certa voracidade. Bom, lá estava eu acostumada a "matar o backlog" e de repente .. ! Fui totalmente golpeada. Eu me vi numa infinita agenda de reuniões, com muitas interrupções no meu dia e sem ter minhas amadas "entregas concretas", digamos assim… Confesso que aquilo me atingiu em cheio visto que eu tinha uma visão muito idealizada do que seria liderar uma equipe, acreditava que minha rotina seria reuniões de melhorias do produto, encontrar pontos de débito técnico e mentorar minha equipe, tudo isso com um cronograma impecável. Bom, não precisa me contar que a rotina não é bem assim pois tomei a pílula da realidade já.

Logo no final do primeiro mês eu conversei com o gerente da área falando exatamente sobre essa sensação de não ser produtiva e eficiente como costumava ser e juro que ele riu e disse exatamente "Bem vinda à gestão!". Reconheço que este é um ponto bem difícil pra mim pois ter cronogramas estabelecidos e seguir planejamentos é uma das coisas que mais me deixa confortável. Pra minha alegria, no último mês tenho conseguido manter uma boa rotina e com certo nível de organização que me deixa feliz. E não podemos esquecer: gestão é comunicação, como um gestor você precisa ter tempo para se comunicar e ouvir as pessoas independentemente do seu cronograma.

Desde então tenho feito um trabalho interno de reflexão, tentando entender que produtividade na gestão não é vista imediatamente como eu costumava ver cumprindo minhas tarefas como desenvolvedora, o caminho agora é diferente, são baby steps diariamente para ver no futuro como pude ajudar minha equipe a crescer e o produto que trabalhamos a melhorar.  É também sobre conhecer um pouco mais sobre cada um a cada dia e entender a maneira como eles se desenvolvem.

Aprender a delegar é tudo

Sei que pode parecer um pouquinho arrogante da minha parte mas eu era uma excelente desenvolvedora, entregava as demandas antes do prazo, tinha um bom nível técnico e atuava como suporte ao meu líder junto a equipe com atividades de revisão e até mesmo entendimento de demandas. Ótimo, né? Bom, nem tanto, pois essas qualidades me levaram a cometer um dos meus primeiros erros, o qual eu queria ter responsabilidade sobre tudo, sobre as demandas da sprint, sobre o desenvolvimento, sobre deploy, sobre a gestão... não preciso dizer que estava fazendo tudo pela metade e me exaustando completamente, né?

Multitasking é péssimo e eu tinha que aprender a confiar e delegar.

Sou realizada em dizer que aprendi essa lição valiosa e que hoje eu sou capaz de delegar tarefas aos meus membros de equipe. Eu os ajudo no que precisam mas sem monopolizar o desenvolvimento (o que é muito importante!) e o mais valioso é me permitir deixá-los errar e aprender no processo, pois sei que para torná-los mais experientes e independentes essas são etapas necessárias. Deixo claro que não abri mão de qualidade técnica e nem da entrega nesse processo, mas compreendi a jornada de trabalho que desenvolvedores menos experientes têm ao executar uma tarefa que pode parecer desafiadora para eles e todo esse esforço é levado em consideração ao delegar tarefas.

Liderar pelo exemplo

Sei que pode parecer que tenho autoridade para de certa forma "exigir" algumas coisas da minha equipe, mas esse é o último recurso que uso, como líder técnica, na qual habilidades técnicas ainda estão muito presentes no trabalho, tento ser ao máximo um exemplo de boas práticas, motivação e atitude profissional para minha equipe. É de meu conhecimento também que compartilhar meus conhecimentos e opiniões com a equipe, sejam eles técnicos, pessoais ou até mesmo regras sobre o projeto em que trabalhamos, eles irão mais longe a cada entrega e suas respectivas caminhadas serão um pouquinho mais fácil todos os dias. De longe essa tem sido a lição que mais me deixa feliz: compartilhar. Amo compartilhar com minha equipe minhas dores e anseios a fim de que eles compartilhem as deles comigo, seja compartilhar as coisas que mais gostam de fazer no dia-a-dia ou o que menos gostam mas fazem mesmo assim. É importante pra mim saber se eles tem algum problema pessoal ou se estão com alguma falta de recurso, técnica ou psíquica, assim consigo ser empática e ajudá-los da forma que me couber ou direcionar a um caminho mais feliz.


Mentorar, tomar decisões, guiar pessoas e escutá-las, sendo uma pessoa paciente e empática que entende que pessoas estão acima de processos.

Liderar é isso e é bem trabalhoso, mas te juro que vale a pena.

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