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Luiza R. Marinho
Luiza R. Marinho

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Deep Learning: como surgiu e o que são redes neurais

O Aprendizado de Máquina

Primeiramente, é preciso entender o que é a Machine Learning, o Aprendizado de Máquina. O Aprendizado de Máquina é uma área de estudo dentro da Inteligência Artificial na qual faz o uso de algoritmos para organizar dados e fazer com que os computadores aprendam com modelos pré-definidos para então ter ações tidas como humanas. Basicamente, os computadores aprendem como agir em determinadas funções e a tomar decisões. Os algoritmos, resumidamente, são códigos em que você mostra para o computador o passo-a-passo de como realizar uma tarefa ou resolver um problema.

Como assim ações humanas? Seria, como por exemplo, fazer identificação de imagens, reconhecimentos de sons e até mesmo fazer previsões. Um chatbot é um bom exemplo disso, no qual a máquina aprende o que responder quando recebe determinada mensagem humana.

O que é o Aprendizado Profundo e como surgiu

A Deep Learning - ou Aprendizagem Profunda, em português - é uma técnica de aprendizado de máquina que utiliza algoritmos que “imitam” redes neurais do cérebro humano. Os algoritmos de aprendizado profundo são mais complexos e capazes de suportar e trabalhar com grande volume de dados.

Essa área surgiu com os estudos sobre redes neurais artificiais, mais ou menos nos anos 40. Anos se passaram e os estudos sobre redes neurais e o comportamento humano foram avançando, porém a capacidade computacional da época era bem limitada. A aprendizagem profunda ganhou popularidade nos anos 2000 pelo crescimento da capacidade computacional, principalmente pelo avanço das GPUs (unidades de processamentos gráficos). Outro fato importante foi o artigo escrito por Geoffrey Hinton e Ruslan Salakhutdinov, no qual mostram como uma rede neural de várias camadas poderia ser treinada - essa divisão de camadas é muito importante para o treinamento de um conjunto de dados muito grande.

O crescimento dos estudos nesse ramo também se deu muito por conta da busca por algoritmos de aprendizado não-supervisionados. O aprendizado não-supervisionado é a capacidade do computador em fazer previsões a partir de um conjunto de dados e, dos últimos 10 anos pra cá, muitas empresas buscam esses tipos de previsões para o mercado.

Como funciona uma Rede Neural Artificial

Vamos primeiro observar como um neurônio humano funciona. O neurônio é uma célula nervosa que possui a propriedade de enviar e receber estímulos. Trata-se de um sistema bem complexo, portanto a visão que teremos aqui será bem simplificada.

Como representado na Figura 1, um neurônio possui em sua estrutura os Dendritos, que recebem os estímulos de outras células passando então para o Corpo Celular, no qual tem a responsabilidade de processar e somar os sinais recebidos.
Figura 1 - Esquema de um neurônio biológico típico
O Axônio conduz a impulsão das informações levando até as Terminações do Axônio, que se unem com outros neurônios através das Sinapses. As Sinapses são pontos de contato entre as terminações do axônio que, pela liberação de substâncias chamadas neurotransmissores, transmitem sinais de um neurônio para o outro. Os neurônios podem ter uma morfologia bem variada, podendo ser de formas e tamanhos diferentes.

As Redes Neurais Artificiais seguem essa ideia de receber sinais, ou valores, processar e impulsionar um resultado. Um modelo artificial, como representado na Figura 2, recebe os Sinais de Entrada (x), representados por números, no qual é multiplicado pelos Pesos Sinápticos (w). Esses valores são somados e o resultado é utilizado em uma Função matemática de Ativação. Essa última função é utilizada para restringir a amplitude da saída do neurônio, para que o retorno dos valores tenham intervalos fechados entre 0 e 1 ou, até mesmo, entre -1 e 1. Esse valor determina se esse neurônio será ativado ou inibido. Uma rede de neurônios possui muitas camadas e esses valores de saída obtidos são associados a dados de padrões já existentes para então ser feita a comparação e determinar se aquele resultado encontrado é o objetivo.

Figura 2 - Modelo matemático de um neurônio biológico

Como a deep learning está sendo usada atualmente?

Reconhecimento Facial

O objetivo do reconhecimento de face é encontrar pessoas específicas por meio de imagem ou vídeo. Isso é muito usado, por exemplo, em aeroportos para identificar suspeitos por algum crime. Também é usada hoje em dia para autenticação secundária em aplicativos no smartphone. Um caso interessante é da empresa Marinus Analytics, que utiliza o reconhecimento facial para fornecer ferramentas, como o Traffic Jam, a agências que auxiliam na identificação e localização de vítimas do tráfico de pessoas.

Redes Neurais Convolucionais

Descobertas médicas também fazem parte dos estudos na aprendizagem profunda. Uma delas é o uso das redes neurais convolucionais, usadas para identificar doenças de retinopatia diabética em várias categorias.

Reconhecimento de Voz

Muito popular hoje em dia, o reconhecimento de voz é usado nos softwares como a Siri da Apple, a Cortana da Microsoft, Alexa da Amazon e recursos de voz do Google, que nos permite interagir com o computador ou smartphone de forma simples.

Referências

[1] SKANSI, Sandro. Introduction to Deep Learning: From Logical Calculus to Artificial Intelligence. Springer, 2018.

[2] PACHECO, César Augusto Rodrigues; PEREIRA, Natasha Sophie. Deep Learning Conceitos e Utilização nas Diversas Áreas do Conhecimento. 2018. 49 páginas. UniEVANGÉLICA, Anápolis - GO, 2018.

[3] KRIEGESKORTE, Nikolaus; GOLAN, Tal. Neural network models and deep learning, Cell Press, p. R231 - R236, Abril, 2019.

[4] D. MANNING, Christopher. Computational Linguistics and Deep Learning. Stanford University, 2018.

[5] LECUN, Yann; BENGIO, Yoshua; HILTON, Geoffrey. Deep Learning. Review, 2015.

[6] SCHMIDHUBER, Jurgen. Deep Learning in Neural Networks: An Overview. Istituto Dalle Molle di Studi sull’Intelligenza Artificiale. University of Lugano & SUPSI. Manno-Lugano Switzerland. 8 October 2014.

[7] VIEIRA, Vinícius Manzoni. Redes Neurais Artificiais: Uma Aplicação em Petrofísica e Estudo dos Efeitos de Estímulos Persistentes. Instituto de Física, Universidade Federal de Alagoas. Maceió, Alagoas - Brasil. Janeiro de 2007.

[8] HAYKIN, Simon. Redes Neurais. 2ª Edição. Bookman, 2001.

[9] GONZALES, Maria Eunice Quilici. Redes Neurais e Representação Mental: Um ensaio sobre harmonia e racionalidade. Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia e Ciência, UNESP. Marília, São Paulo - Brasil. 1991.

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