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Jhony Walker
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Cultura Ágil - O modelo Spotify Squads

Cultura Spotify

Neste artigo você entenderá a forma que as empresas mais valiosas do mundo estão organizando e gerenciando suas equipes promovendo uma cultura “super” ágil, a fim de manter a máxima agilidade possível na solução de problemas, mesmo depois de atingir larga escala e tornar-se gigante no mundo dos negócios. A luta contínua das empresas em manter uma cultura ágil exige muito esforço, principalmente quando se necessita escalar estas práticas para novas equipes da organização.

Manter a cultura de startup, depois de ser agressivamente alavancado é um dos maiores desafios no mundo dos negócios exponenciais. Entretanto, o Spotify, é uma empresa que está superando estes desafios e obtendo sucesso na manutenção da sua essência ágil e inovadora.

A empresa sueca, que foi fundada em 2006 por Daniel Ek e Martin Lorentzon, utilizava o framework Scrum desde os princípios para gerenciar seus pequenos times multidisciplinares. Entretanto, conforme o número de equipes foi crescendo, a empresa não via mais sentido em se limitar à metodologia Scrum, que, de certa forma, não era eficiente com diversas equipes espalhadas pelo mundo. Como já detinham um elevado nível de maturidade em cultura ágil, decidiram quebrar as regras e fazer adaptações a fim de criar um modelo adaptado à realidade do Spotify.

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Atualmente, o Spotify é o principal player mundial de streaming de música, alcançando, no ano de 2019 a marca de 217 milhões de usuários ativos. Hoje, conta com mais de 50 squads distribuídas em 4 países, a fim de pensar em soluções inovadoras e melhorar constantemente a experiência dos usuários dentro da plataforma.

Como é o modelo Ágil criado pelo Spotify

Este modelo, chamado de Spotify Scaling Agile, é organizado em uma matriz com times orientados vertical e horizontalmente. Os grupos orientados verticalmente (squads e tribos) são agrupados por produto, ou seja, por features ou grupos de features correlacionados. Os grupos orientados horizontalmente (chapters e guilds) são agrupados por skill ou interesse, e têm como objetivo a troca de melhores práticas, experiências, e desafios, onde a empresa tenta obter sinergias internas de conhecimento e produtividade.

Lembrando que este modelo não possui regras e, segundo Henrik Kniberg, “é somente uma fotografia da nossa maneira de trabalhar atual. Uma jornada em andamento, não uma jornada concluída”.

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Squads ou “Esquadrões”

Similar à equipe Scrum, uma Squad é composta por 3-10 pessoas, trabalhando em torno de uma funcionalidade específica. O Product Ower (PO) da Squad direciona as prioridades de execução. Todas as Squads funcionam como uma mini-startup: possuem uma missão, uma estratégia geral de projeto e objetivos de curto-prazo, que são negociados a cada trimestre. Os princípios de Lean Startup, como o Mínimo Produto Viável (MVP) e Aprendizagem Validada são muito incentivados dentro de cada “esquadrão”, assim como outras ferramentas de gestão, como Kanban e Scrum Sprints.

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Esta estrutura potencializa a autonomia, mantendo a equipe motivada e gerando velocidade às ações, já que evita esquemas de aprovação, afunilamento de decisões no topo e dependência de outras equipes. Todas as Squads devem estar alinhadas com a estratégia geral da empresa, onde a missão do Spotify como organização é mais importante do que a missão individual de qualquer Squad.

Tribes ou “Tribos”

É um conjunto de Squads que trabalham em funcionalidades correlacionadas de um mesmo produto. As equipes de cada grupo se localizam no mesmo escritório e próximas umas das outras, para que haja colaboração e comunicação fluida. É indicado que os integrantes do grupo se reúnam frequentemente, a fim de alinhar trabalho, expectativas e trocar experiências.

Chapter ou “Divisão”

É composto por profissionais que têm funções similares dentro de uma mesma tribo, ou seja, um Chapter de “designers de ux” dentro de uma Tribo. Foi formulado para incentivar a troca de experiências, conectando pessoas com as mesmas funções que podem estar passando por dificuldades que outros membros já sabem como resolver.

Guilds ou “Guilda”

É um grupo de profissionais, que pode ser de S*quads* e Tribos diferentes, que se unem para trocar experiências, ferramentas, códigos e práticas sobre algum interesse em comum.

E como gerenciar todas estas equipes?

Para manter-se a gestão sobre as Squads, é utilizada uma pesquisa trimestral, que evidencia pontos que necessitam de assistência para evoluir.

Observe que este é um modelo de autoavaliação, tudo baseado na honestidade e opiniões subjetivas das pessoas nos esquadrões. Portanto, ele só funciona em um ambiente de alta confiança, onde as pessoas confiam em seus gerentes e colegas para agir em seu melhor interesse.

Ao efetuar o Health Check (verificação de saúde de cada equipe), há duas partes interessadas: o próprio Squad (que receberá os recursos necessários para melhorar sua situação) e as pessoas que apoiarão o Squad (que focalizará esforços e tempo nos pontos mais críticos).

O quadro-exemplo a seguir demonstra alguns pontos importantes de forma sintética:

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O quadro mostra como 4 Squads da mesma Tribo veem sua própria situação. Os círculos demonstram a situação atual e as setas indicam a tendência do indicador (a cor azul significa que a situação está boa, amarela que está com alguns problemas e vermelho que está muito ruim).

  1. Examine cada coluna para ver diferenças importantes entre os Squads. A Squad 2 está satisfeita com quase tudo e o Squad 4 está tendo muitos problemas, mas a maioria está melhorando.
  2. Examine cada linha para ver padrões sistêmicos. Todos os Squads estão motivados! Mas a facilidade de implantação em geral é problemática e o processo da equipe está com setas vermelhas e isso, provavelmente, reduz também a motivação.
  3. Examine a imagem no geral e verá que a maioria das setas estão para cima, isso significa que o processo de melhoria está funcionando.

Abaixo, cada critério de avaliação presente no quadro-exemplo é explicado:

  • Product Owner: prioriza o trabalho, levando valor de negócio e aspectos técnicos em consideração.
  • Agile Coach: ajuda a identificar os impedimentos e treina a equipe para melhorar continuamente o processo.
  • Apoio organizacional: a equipe conhece o “caminho das pedras” para se obter o suporte necessário em caso de algum problema corporativo e questões técnicas.
  • Facilidade de implantação: a equipe pode implantar um lançamento com o mínimo esforço.
  • Processo da equipe: a equipe é a dona do processo e melhora-o continuamente.
  • Missão: a equipe tem uma missão clara e as histórias do backlog são relacionadas a ela.
  • Motivação: a equipe gosta do seu ambiente de trabalho e se sente feliz e motivada em trabalhar nele.

Uma das principais premissas da cultura ágil é a autonomia e essa é utilizada de base para um Health Check eficiente. Caso a equipe não seja sincera na sua autoavaliação, não lhes será concedido recursos para melhorar. Como disse Joakim Sunden, Agile Coach no Spotify: “A autonomia é a melhor coisa e a mais desafiadora ao trabalhar no Spotify”.

Por mais que o Framework de Squads não seja um modelo definitivo, esta estrutura já provou que veio para maximizar a colaboração de profissionais e, ao mesmo tempo, otimizar a qualidade e quantidade das entregas através da metodologia ágil. Muitas empresas já utilizam este modelo e colhem frutos, ao disseminar a cultura ágil em toda a companhia.

Porém, a implementação deste modelo exige muito esforço. Nem toda empresa está preparada para ter equipes autônomas e auto gerenciáveis, tudo isso vai depender da maturidade da empresa em sua Gestão.

Fontes onde pesquisei esse conteúdo:

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