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Patrícia Villela for Feministech

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Quem é a Lissa?

Quem é Lissa para você?

Lissa é um pedaço de um todo. A parte compreensível de um mar de ideias, pensamentos, emoções, razões, traumas, e personalidades, que tá há 15 anos nessa terra com esse mesmo corpo. Tenta todo dia lutar contra seus medos e falhas, e se lapida, tirando o montante, pra sobrar o restante que vale a pena, em busca de se tornar um rubí.

Quem é Lissa para o mundo?

Uma pessoa que faz várias coisas, e não sabe decidir qual vai fazer, então é organizadora, líder de comunidade, produtora de conteúdo, desenvolvedora, influencer e peso chumbo nas treta do twitter.

O quê a Lissa faz atualmente?

Eu trabalho em comunidades, produzindo conteúdo, e organizando eventos, também trabalho com a Letícia Silva, e o William Frantz, em um projeto de preparo para vagas na tecnologia remunerado, então eu também desenvolvo e produzo conteúdo lá.

Não gosto de falar disso publicamente porque é uma fraqueza minha, mas é importante falar disso, então eu tenho que lidar com uma vida dupla. No colégio e em casa eu sou uma pessoa, e na internet, nos meus ambientes, eu sou outra. Em um momento eu uso uma armadura de ferro e lixa, que cansa meu corpo, e machuca a minha pele, e em outro eu não preciso usar esses proteções, mas me torno muito vulnerável e frágil.

Eu sei quando isso tudo isso vai mudar, mas eu ainda preciso esperar.

Como é ser tão influente nas comunidades tendo 15 anos?

Sinceramente, eu não gosto. Eu entendo a intenção positiva de me chamar de prodígio ou muito jovem, mas eu não gosto. Eu só sou assim porque quando criança eu tinha vergonha de brincar, eu convivia com os adultos, e não falava com as outras crianças, então eu tentava me espelhar neles. Então desde cedo eu apaguei minha infantilidade, e comecei a fazer coisas que não eram da minha idade, como organizar comunidades, e lidar com pessoas que tem até mais que o dobro da minha idade.

Então no fim, pra mim é normal porque eu me acostumei, mas olhando pra trás, não acho bom porque tem toda uma parte da minha vida que eu perdi e que eu nunca vou ter de volta, exatamente por ter amadurecido tão cedo.

O que fez você se interessar por tecnologia?

A falta do que fazer. Eu tinha uns 12 anos, e tinha passado por um período muito merda da minha vida, tanto que com 11 eu quase me matei, era questão de um passo. Então como eu não tinha nada mesmo, a tecnologia apareceu pra mim como um vídeo recomendado no Youtube, um tutorial de Python. E eu prestei atenção naquela thumbnail em específico, cliquei, me interessei, e tamo aí hoje em dia.

É por isso que eu não acho que as coisas são aleatórias, elas sempre tem um motivo para acontecerem. Se não fosse aquele exato vídeo, ter sido recomendado pra mim, naquele dia, eu provavelmente nem estaria aqui mais.

O quê são comunidades para você?

Comunidades são espaços de convivência, respeito, troca de ideias e transmissão de conhecimento. Onde podemos encontrar pessoas parecidas com a gente, e chamar outras pessoas para dentro desse ambiente, botando todas essas pessoas juntas em um mesmo lugar, caminhando juntes em busca da revolução.

A organização é única forma de minorias sociais, que também são massas demográficas, mudarem algo no mundo. Como um dia, em uma música ainda sem nome vou cantar:

macho cishet só se for com latéx
pensei e escrevi essa no LaTeX

Como você conheceu as comunidades de tecnologia?

Conheci elas com as lives da Twitch. Eu assistia muito a live do Pokemaobr, e nela a gente começou a formar uma comunidade conforme o tempo, que é a Caverna do Patocórnio. Junto com a Caverna, as mulheres que participavam das lives formaram a Live Coder Girls, que era um grupo de mulheres que faziam ou gostavam de lives. Que depois de um tempo se tornou a Feministech, e quando eu me descobri trans no fim de 2021, eu entrei na comunidade, e depois disso eu só me senti melhor. Achar um grupo que te aceita do jeitinho que você é, é bom demais.

Como foi fundar a Kotlinautas?

Foi uma experiência interessante, eu tinha começado a estudar Kotlin uma semana antes de confundar uma comunidade SOBRE KOTLIN, então eu aprendi enquanto eu produzia e construia a comunidade. É por isso que tem tanto artigo na Kotlinautas feito por mim, porque enquanto eu aprendia, eu produzia conteúdo sobre o que eu tava aprendendo.

Pra ser sincera, eu tô meio desanimada da Kotlinautas pela falta de participação de todes, principalmente de mulheres ou pessoas trans lá. E se tem uma coisa que eu não curto é falta de participação ou engajamento. Mas acontece, diferentes comunidades vão ter engajamentos diferentes.

Quais são seus sonhos?

Conseguir tornar a vida mais confortável pro máximo de pessoas, principalmente mulheres e pessoas trans, que eu puder. Tanto em tech, quanto em outras áreas (vem aí Fundação Lissa 👀).

Eu já achei tantas vezes que a minha vida não valia a pena, que um dos meus maiores desejos é poder perto da minha morte, poder relaxar, e admirar a gota de vida que eu bebi durante aquele tempo. Que a minha passagem nessa terra dessa vez tivesse valido realmente à pena, e que eu fui útil pra alguém. Só nesse momento, eu vou me tornar o rubí que eu tanto falo sobre. Mas por enquanto, enquanto grafite, não vou parar de correr.

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Bruna Ferreira

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