Introdução
Lançar o meu primeiro produto foi uma jornada intensa, repleta de incertezas, desafios e, acima de tudo, aprendizado. Desde muito cedo, sempre me vi como alguém curioso, inquieto, com vontade de transformar ideias em realidade. No entanto, transformar uma ideia em um produto real e viável é um caminho que exige muito mais do que apenas criatividade – envolve estratégia, persistência e, às vezes, superar o medo de falhar.
Decidi lançar meu primeiro produto porque senti que havia algo no mercado que precisava ser inovado, algo que ninguém estava fazendo da forma que eu imaginava. Foi esse desejo de fazer a diferença, aliado à paixão pelo desenvolvimento de soluções criativas, que me impulsionou a seguir em frente.
Se você já pensou em criar seu próprio produto, sabe que não é fácil. E se está apenas começando, vou te contar que o caminho é desafiador, mas o resultado final vale cada esforço. Neste artigo, vou compartilhar minha experiência – desde a concepção da ideia até o lançamento – para mostrar que, apesar das dificuldades, o processo de lançar um produto pode ser uma das jornadas mais recompensadoras da sua vida.
A Ideia Inicial
Tudo começou em um dia comum na igreja, enquanto participava de dinâmicas e jogos que usavam papel e caneta. A simplicidade da atividade me fez refletir: por que ainda estamos presos a métodos tão tradicionais? Não, não estávamos simulando o Egito antigo, mas eu sabia que havia uma forma mais moderna e eficaz de engajar os jovens. Foi então que a ideia me veio à mente: criar um aplicativo que unisse jovens e atividades “igrejeiras” em um só lugar.
Com a ideia borbulhando, corri para casa e imediatamente liguei para meu amigo e sócio, Frankllin Teixeira. Na época, Frankllin estava ocupado com outro projeto nosso – sobre o qual falarei mais à frente – mas, mesmo assim, topou discutir essa nova possibilidade. Após uma longa reunião e algumas pesquisas na web para validar nossa ideia, decidimos dar início ao projeto, que batizamos de “Fisgados”.
O que começou como um aplicativo de jogos e dinâmicas evoluiu para algo muito maior: uma solução educacional inovadora, capaz de ensinar a Bíblia para crianças e adolescentes de uma forma divertida e única. E assim, o Fisgados começou a tomar forma.
O Desenvolvimento
A primeira grande decisão no desenvolvimento foi escolher a tecnologia certa, e isso nos custou várias horas de discussões e análise de possibilidades. Apesar de termos experiência em sustentar serviços e aplicações mobile, criar uma solução do zero era um desafio novo. No entanto, nossa familiaridade com o Flutter, uma tecnologia que já havíamos utilizado em outros projetos, nos guiou a optar por esse caminho.
Com essa decisão tomada, as peças começaram a se encaixar. O Firebase se tornou um aliado essencial, oferecendo diversas soluções que integraram perfeitamente ao nosso app. Como um Analista de Sistemas apaixonado pelo que faço, comecei a desenhar cada tela, cada botão, e a idealizar todas as funcionalidades que poderiam tornar o Fisgados uma experiência rica e interativa.
Foi aí que encontramos o primeiro grande obstáculo: a falta de mão de obra. Éramos apenas dois, com tempo limitado em nossas agendas diárias, e o prazo apertado para lançar o produto exigia mais do que podíamos entregar sozinhos. Percebemos que, para avançar, precisaríamos definir prioridades.
E essa foi a chave de todo o processo: estabelecer prioridades. O Fisgados já tinha um público-alvo e uma base de usuários para testar, então focamos em criar um MVP (Produto Mínimo Viável) que atendesse às necessidades essenciais identificadas junto aos nossos primeiros usuários. Com um plano claro, colocamos a mão na massa. Após um mês de muito código e incontáveis sessões de debug, finalmente tínhamos em mãos uma versão estável e instalável para Android.
Desafios e Erros Cometidos
Após conseguir o primeiro APK instalável, o próximo desafio foi subir o app na Play Store. Apesar de já ter passado por esse processo antes, confesso que senti bastante receio. A última vez que publiquei algo na loja foi em 2017, de forma muito amadora, e percebi que as coisas haviam mudado significativamente desde então.
Felizmente, pude contar com a experiência que adquiri com o Manoel Lucas, meu antigo Tech Lead, que me guiou nesse processo em projetos anteriores. As etapas começaram a voltar à minha memória, como andar de bicicleta. No entanto, o que parecia simples logo se mostrou desafiador: uma avalanche de erros e alertas apareceu antes de termos a permissão para publicar o app.
O engraçado é que tínhamos revisado cada detalhe, mas a realidade nos mostrou o quanto ainda havia para corrigir. E assim, o desafio se transformou em aprendizado. Cada bug corrigido, cada alerta resolvido, me aproximava ainda mais do app. Era como se o código estivesse me ensinando suas nuances, dia após dia. Eu subia correções e novas funcionalidades continuamente, até que, após alguns dias, a Play Store finalmente aprovou nossa primeira versão.
Com o app publicado, comecei a divulgá-lo com entusiasmo. Amigos, familiares e seguidores do X (antigo Twitter) ouviram falar do Fisgados inúmeras vezes. No entanto, essa foi uma das primeiras lições duras que aprendi: subestimei o impacto do feedback inicial. Logo começaram a chegar respostas dos usuários, e percebemos que éramos apenas dois para lidar com todas as demandas que surgiram.
Foi nesse momento que decidimos que precisávamos de mais mãos para nos ajudar. Nossos estagiários voluntários, Juan Yago e Thales Guasti, entraram em cena. Eles estavam na faculdade, sedentos por aprendizado, e abraçaram as demandas com toda a energia que tinham. Sem dúvida, sua contribuição foi essencial para continuarmos avançando.
Acertos e Conquistas
Após alguns contratempos, os acertos finalmente começaram a surgir. Contávamos com uma equipe competente e um grupo de usuários engajados com a nossa solução. Foi nesse momento que as coisas começaram a ficar animadoras. A lista de usuários do Fisgados crescia, e cada vez mais lições eram concluídas dentro do app. Os feedbacks começaram a se tornar cada vez mais positivos, o que nos motivava ainda mais.
Um dos maiores acertos foi a entrada de Dandara Fialho em nossa equipe. Ela assumiu a responsabilidade de cuidar das nossas redes sociais, e com sua ajuda, conseguimos melhorar a divulgação do app de maneira mais estratégica e atraente. Começamos a aparecer em lives, com streamers testando o Fisgados, o que gerou ainda mais visibilidade e empolgação em torno do nosso projeto.
No entanto, enquanto a popularidade crescia, me vi refletindo sobre o caminho que estávamos trilhando. Estava constantemente pensando em como transformar essa visibilidade em algo rentável, mas percebi que estávamos nos afastando do propósito original do Fisgados. Foi então que me reuni novamente com Frankllin, e juntos decidimos que precisávamos realinhar o foco do projeto.
Com essa clareza, comecei a participar de workshops e rodadas de negócios, buscando novas oportunidades. E foi aí que recebemos nosso primeiro contato de um investidor. As negociações começaram e, aos poucos, uma parceria promissora começou a se formar. Ainda estamos longe de ter uma solução perfeita, mas com cada melhoria no Fisgados, estamos mais próximos de transformar esse investimento em um negócio verdadeiramente rentável.
Conclusão
Sei que o título deste artigo fala sobre como lancei meu primeiro produto, e você pode estar se perguntando: o Fisgados já está 100% lançado? A resposta, honestamente, é não. Ainda não temos o produto finalizado e completamente disponível para o público. Existem desafios que ainda precisamos superar, como a publicação do app para usuários iOS, a produção massiva de conteúdo e várias outras tarefas que estão no nosso backlog. No entanto, de uma coisa eu tenho certeza: estamos mais próximos do que nunca de alcançar esse objetivo.
Como prometido, vou falar sobre o Beeework, o projeto no qual estávamos trabalhando antes do Fisgados. Infelizmente, o Beeework nunca chegou a ser verdadeiramente lançado. Passamos tanto tempo lapidando a ideia, buscando a perfeição, que acabamos perdendo o timing. Inovações que imaginamos foram implementadas por outras plataformas, e isso nos atingiu como um balde de água fria. Foi uma lição dura, mas valiosa.
Se eu pudesse deixar apenas uma dica depois de tudo o que compartilhei aqui, seria: lance seu produto o quanto antes! Nada está, nem nunca estará, 100% perfeito para ser lançado. Enquanto você limpa o código ou ajusta mais um estilo no botão, outras pessoas estão lançando produtos inacabados e conquistando espaço no mercado. Aprenda com os erros e evolua ao longo do caminho, mas não deixe que o medo da imperfeição paralise o seu progresso.
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