Vivemos 2 problemas grandes e complexos nos últimos anos. O primeiro foi a pandemia de Covid, uma questão global que resultou na morte de milhões de pessoas, além do pânico pelo desconhecido e outros inúmeros problemas sociais, econômicos e políticos. O segundo, mais local aqui para nós gaúchos, foi a enchente de grandes proporções no estado, que vitimou muitas pessoas e também gerou perdas financeiras gigantescas e um impacto social incalculável.
Em ambos os casos, durante ou logo após os acontecimentos, percebi muita gente com teorias prontas, dando respostas e soluções para tudo. De uma hora para outra todo mundo virou cientista, médico, metereologista ou conhecedor de outros temas que eu, mero mortal e ignorante, desconhecia. Ouvi atentamente várias teorias. Algumas concordei, outras discordei. Mas busquei aprender com os vários "experts" no assunto, buscando conhecimento e tomar minhas conclusões.
Pois agora, diante de toda reflexão e análise, concluo o mesmo que Sócrates disse: "Só sei que nada sei". Mas aceito minha ignorância, buscando aprender com diferentes pontos de vista, ampliando meu horizonte de visão.
E mais. Percebo que isso também é totalmente aplicado no mundo da tecnologia. Trabalho no desenvolvimento de produtos digitais e noto que existem vários problemas complexos, com inúmeras soluções possíveis. Existem pessoas que defendem o fim ou ampliação do uso dos métodos ágeis, defendem o framework A, B ou C, um novo método inovador de gestão, o uso irrestrito ou o fim da inteligência artificial, e assim por diante.
E existem os casos clássicos, onde o cliente exige uma solução rápida para um problema que já sabemos que é complexo e não sabemos nem se existe uma solução viável tecnicamente ou financeiramente. Mas temos que colocar a capa de Super Homem e dar um jeito. Alguém que desenvolve produtos digitais já passou por isso? Pois então.
Para os mais experientes (40+) como eu, devem lembrar da propaganda da Tekpix que dizia: "Não e magia, é tecnologia". Cada vez dou mais razão para essa frase. Gostaria de estar em Hogwarts e resolver os problemas assim como o Harry Potter, girando minha varinha mágica e dizendo algumas palavras especiais. Mas não consigo. Não é bem assim que funciona em muitos casos, especialmente para problemas maiores e mais complexos.
O que acredito é na melhoria contínua, na agregação contínua do valor, na quebra do problema grande em pequenos, no MVP, na validação das hipóteses, no feedback, no erro e correção de rumo. E acima do tudo, na confiança nas pessoas. Temos que partir do pressuposto que as pessoas estão fazendo o melhor que elas podem, dado o conhecimento que possuem e o contexto que estão inseridas. Se essa premissa for quebrada, temos um ambiente inseguro onde as pessoas nunca conseguirão ser quem elas realmente são. Serão podadas e terão seu potencial reduzido.
A colaboração entre as pessoas, a empatia pelo esforço e trabalho do outro, é fundamental para que seja criada uma visão sistêmica melhor entre todos. Assim fica mais fácil estabelecer a relação de causa x efeito e identificar os problemas raiz, buscando encontrar o melhor caminho em conjunto. A frase que diz "várias cabeças juntas pensam melhor que uma" é verdade. Mas para isso é fundamental que as "cabeças" queiram trabalhar em conjunto, tirando vaidades e preconceitos. Só assim problemas complexos passam a ser resolvidos extraindo o melhor de cada um, empoderando as pessoas e deixando-as motivadas e engajadas para a resolução dos novos desafios que virão. E com certeza virão. Eles sempre vem.
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