Se você chegou aqui, não importa o que os outros dizem - você é o bastante. Seu código também.
"You are more than your code" (na tradução "Você é mais que o seu código"). É o que está escrito num dos 30 cards que ganhei de alguém especial que esteve na PyCon US do ano passado. Quero começar esse texto com essa frase, pois:
- 1: pessoas costumam não se achar profissionais o bastante por conta de seus códigos de programação;
- 2: há uma síndrome do impostor que paira sobre todos nós em algum (ou vários, como no meu caso) momentos da vida.
E foram por esses motivos que eu resolvi começar o #100DaysOfCode: por não me achar boa o bastante.
O desafio surgiu através de Alexander Kallaway, um desenvolvedor de software russo. Na época, era um estudante apaixonado por idiomas, e buscava uma maneira de maneira de se mudar para o Canadá, afim de cursar administração. Acabou conseguindo.
Ele começava a sua carreira em marketing digital, e a convivência com desenvolvedores de software o fez perceber que ele não possuía uma habilidade empreendedora básica - saber programar. Alex não tinha tempo nem dinheiro para fazer um curso sobre o tema, mas queria aprender a programar a qualquer custo.
Ele criou um grupo de estudos com alunos da plataforma FreeCodeCamp, o movimento foi se expandindo, e o administrador conseguiu uma vaga na área de desenvolvimento. Mas ainda não era o bastante. Alex queria continuar aumentando seus conhecimentos e se dedicando cada vez mais - foi aí que surgiu o #100DaysOfCode.
Numa conversa com sua esposa, enquanto contava sua frustração pessoal e o desejo de continuar aprendendo conceitos de programação após o trabalho, ele disse que pensou em treinar todos os dias, por pelo menos uma hora, durante três meses. Ela o apoiou e disse: Mas por que parar em três meses se você pode fazer 100 dias? E foi assim que desafio nasceu.
#100DaysOfCode seria um compromisso assumido por Alex, por mais que ele preferisse assistir TV ao invés de produzir código. Por conta disso, definiu algumas regras:
#1: você se compromete a codificar por no mínimo 1 hora todos os dias pelos próximos 100 dias.
Alex tinha obsessão por mudança de hábitos e produtividade, e procurou conteúdos sobre isso. Ele recomenda ler:
The Power of Habit: Why We Do What We Do in Life and Business;
-
The Obstacle Is the Way: The Timeless Art of Turning Trials into Triumph
#2: você se compromete a incentivar pelo menos outras 2 pessoas que enfrentam o desafio todos os dias, usando o Twitter.
Isso era uma forma de motivar outras pessoas, ter responsabilidade e natureza social. Quanto mais gente se envolvesse, maior seria a probabilidade de alcançarem o 100º dia.
Esse é o site oficial do desafio, vale a pena dar uma olhada.
Há também algumas outras recomendações e detalhes dessa história - você pode conferir aqui.
Se acontecerem eventos inesperados e você não conseguir programar, tudo bem: leve um livro de programação ou algo que te faça cumprir o desafio. Você faz as regras. Lembre-se que: "o objetivo é ser consistente, não importa o que aconteça".
E agora você deve estar se perguntando: onde é que nós (eu, você e a síndrome do impostor) se encaixam nessa história toda? Eu explico.
Há alguns dias tive uma reviravolta dessas que a vida dá sem que a gente perceba que vai acontecer. Ela só acontece, e quando a gente percebe já estamos ali, jogados ao acaso. Isso, aliado a diversos fatores e acontecimentos da minha vida pessoal fizeram com que o sentimento do "eu não sou boa o bastante" chegasse por aqui com força.
Junto, perguntas e questionamentos do tipo: "Cadê os códigos dos seus trabalhos no Github?", questão que envolve um cenário bem complexo de acordos de sigilo e segurança com os locais que já prestei serviços. E sempre batia aquela insegurança de colocar projetos "bobos" demais.
Eu resolvi ignorar tudo, e provar que:
Sim, eu sou uma boa engenheira de software;
Entendo sobre boas práticas de programação;
Não programo somente em Python (linguagem pela qual sou mais conhecida).
E com isso, resolvi inspirar mais pessoas, principalmente mulheres, a ignorarem todos esses estereótipos e provarem para si mesmas que sim, elas podem!
É engraçado que eu precise dizer isso para mim mesma todos os dias, mas faz parte. E agora eu quero que cada pessoa que me acompanha e passa pelo mesmo, diga: eu sou o bastante. E veja, através desse desafio (mas não só disso, claro), que ela pode e consegue fazer o que quiser.
Eu vou estudar conteúdos diversos, e vou compartilhar toda minha trilha de estudos aqui. Quem quiser acompanhar meu desempenho diário, pode entrar no meu Twitter e pesquisar pela hastag 100DaysOfCode.
Se você tiver uma dúvida, quiser abrir o coração, ou contar pra alguém que venceu a síndrome do impostor hoje, pode me mandar uma mensagem, viu?!
Um beijo, e bom 100DaysOfCode pra gente <3
Top comments (5)
Que bacana Letícia! Às vezes me sinto um lixo na programação, principalmente quando me deparo com algo que não consigo resolver, acabo ficando frustrado.
Acho que o problema às vezes é se comparar com o outro...
Espero que seja um sucesso esses 100 dias codando, boa sorte! :)
Gostei!
muito bom o artigo Lê, bora começar os 100DaysOfCode !!!!
Vou começar esse desafio hoje.
Já estou muito empolgado.
Boa noite Letícia, num sei se é um pouco off topic, gostaria de saber se vcs não farão mais o PIZZA DE DADOS, a propósito, Parabéns!! Ótimo trabalho de vcs!!